terça-feira, 24 de maio de 2016

Asas de Musgo




As folhas caem lá fora e a beleza levanta-se. Tudo se ergue no ar, na luz do Sol. Eu fecho os olhos e penso em ti, sejas tu quem fores, de olhos abertos e eu de olhos abertos, fendidos no incêndio da escuta. E quando eu morrer, enterra-me no musgo, que as minhas palavras ganhem silêncio e falem. E o ruído constante do escombro colossal que é o mundo há-de-se chegar para o lado. Um abraço há-de vencer as distâncias, e um pardal pousará na margem plúmbea do rio, se amanhecer, as penas rubras e azuis, como brasas retiradas da fogueira e que, por uma vez, não se apagam. Talvez eu acorde, talvez esteja Sol sob os teus ornamentos exóticos e eu ouça os riachos das fontes a correr e pense que o céu é uma boca sem chão e a vida um balão alaranjado sobre os Olivais Primeiros.

André Consciência

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